sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Aranha recebe prêmio de Dilma por atitude contra racismo

“Esse prêmio fortalece o meu ato de tomar a atitude correta”


Vítima de racismo durante a partida entre Grêmio x Santos, pela Copa do Brasil, o goleiro Aranha foi homenageado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O atleta teria se destacado ao tomar sua atitude contra as manifestações de gremistas contra ele.
“Esse prêmio fortalece o meu ato de tomar a atitude correta”, comentou Aranha. O santista recebeu a homenagem direto das mãos da presidente Dilma Rousseff, na última quarta-feira. Além do esportista, outros 20 receberam o prêmio por sua luta contra o preconceito.
“A luta de vocês é de fundamental importância. Houve avanços, mas falta muito. É preciso buscar avançar cada vez mais”, disse a presidente Dilma no ato.
Aranha sofreu atos racistas na partida de ida da Copa do Brasil contra o Tricolor gaúcho, em Porto Alegre. Ao final da vitória dos paulistas por 2 a 0, um grupo de torcedores chamaram o goleiro de “macaco”. Como punição, o Grêmio acabou eliminado da competição.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

População vê racismo contra o padre e protesta;bispo deixa a igreja escoltado.






O bispo de Marília (SP), dom Luiz Antonio Cipolini, foi acuado dentro da Igreja Matriz de Adamantina, também no interior paulista, e teve de sair escoltado por policiais militares, na noite deste domingo (7).
O bispo estava na cidade para comandar a missa de Crisma, quando cerca de 2.000 pessoas se reuniram em um protesto do lado de fora da igreja para lhe cobrar explicações sobre a substituição do padre negro Wilson Luís Ramos. Com medo, dom Luiz se trancou na igreja e só saiu por volta das 23h, 1h50 depois do final da missa.
Antes de sair escoltado, o bispo enfrentou momentos de constrangimento já dentro da igreja, que estava lotada. Dom Luiz teve de interromper a cerimônia religiosa, que já estava na sua fase final, ao ser vaiado pelos fiéis, revoltados com a saída de padre Wilson.
Sem que o bispo desse alguma explicação sobre a saída do padre em seu sermão, manifestantes, na maioria jovens com narizes de palhaço, levantaram cartazes e gritavam “fica, padre Wilson”. Em seguida, gritando a palavra “indignação”, os manifestantes passaram a jogar moedas no altar da igreja. Diante do barulho provocado pelo protesto, o bispo interrompeu a missa e repassou o microfone ao padre Wilson, que pediu aos manifestantes para parar, mas não foi atendido.
Os jovens continuaram gritando, ainda por alguns minutos, e foram apoiados pelo restante dos fiéis, que lotava a igreja — de 1.200 lugares — e batia palmas. A revolta com a substituição do padre continuaria do lado de fora da igreja, após o encerramento da missa. Cerca de 2.000 pessoas gritavam frases contra o racismo e contra o bispo, porque ele demorava a sair.
Para o vendedor Paulo Roberto Scavassa, que frequenta a Paróquia Santo Antônio de Pádua há mais de 30 anos, trata-se se uma atitude racista.
— Nós só queremos que ele nos explique por que está retirando o padre de nossa cidade. Para nós, fica cada vez mais evidente que se trata de um ato de racismo.
Padre Wilson foi o primeiro negro a assumir a principal paróquia de Adamantina, mas, ao contrário dos padres anteriores que ficaram mais de dez anos, Ramos permaneceu na cidade somente por menos de dois anos.
Depois de quase uma hora de espera, padre Wilson saiu e tentou conversar com os manifestantes.
— Deixem o bispo sair, por favor.
Em resposta, os manifestantes gritavam “não”, para em seguida gritar “explicação, explicação”.
Ao perceber que não conseguiria convencer ninguém, o padre retornou para dentro da igreja, aos gritos de “Fica, padre Wilson”. Já passava das 23h quando o bispo deixou a igreja, escoltado por dezenas de PMs.
Enquanto dom Luiz saía, a multidão o chamava de “racista” aos gritos. Mas o bispo ainda teria de retornar a Marília dentro do carro de um sargento da PM, porque o carro dele teve os pneus esvaziados e foi riscado pelos manifestantes.
A manifestação foi a segunda ocorrida em dois dias seguidos em Adamantina. No sábado (6), cerca de 2.000 pessoas, vestidas de preto e com velas nas mãos e faixas condenando o racismo, fizeram uma passeata em apoio ao padre.
Colaboradores
A substituição foi pedida ao bispo por um grupo de fiéis ricos e conservadores, colaboradores da igreja, que tinham sido substituídos pelo padre em cargos de coordenação da paróquia que ocupavam havia 13 anos.
O grupo estaria descontente com a opção dada pelo padre aos pobres e jovens usuários de drogas, que passaram a frequentar a principal igreja da cidade desde que o padre chegara a Adamantina havia dois anos. Neste período, Ramos sofreu preconceito por parte de fiéis.
“Outro dia vi duas mulheres dizendo que deveriam substituir o galo do alto da torre da igreja por um urubu”, contou o padre em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada. Na mesma ocasião, o próprio bispo relatou o preconceito sofrido pelo padre.
Nesta segunda-feira (8), padre e bispo não foram localizados para falar sobre as manifestações. Padre Wilson deixou o celular na caixa postal e o telefone da casa do bispo estava no fax. Segunda-feira é dia de folga dos religiosos. Pela circular expedida pelo bispo na sexta-feira (5), padre Wilson deve deixar a casa da paróquia até esta terça-feira (9).


Fonte: Geledés

ONU lança década internacional para os afro-descendentes

Especialistas e diplomatas defenderam, nesta quarta-feira (10), nas Nações Unidas a busca de um mundo sem racismo, discriminação e intolerância, a propósito do lançamento da Década Internacional para os Povos de Descendência Africana.



“Precisamos de um planeta onde predominem o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento para todos os seres humanos”, afirmou a responsável pelo Grupo de Trabalho da ONU sobre as pessoas de Descendência Africana, Mireille Fanon-Mendes.

Em uma coletiva de imprensa pelo lançamento da Década, a especialista lamentou que pela cor negra de sua pele, muitos sofrem de maneira permanente marginalização, invisibilidade e penúrias econômicas e sociais.

De acordo com a também integrante do Grupo de Trabalho, a jamaicana Verene Shepard, o objetivo de dedicar o decênio 2015-2024 aos afrodescendentes é concluir o mesmo em uma situação bem diferente da atual.

“Temos esperanças de conseguir mudanças importantes, ou pelo menos dar passos nesta luta contra o racismo e a xenofobia”, afirmou.

Shepard recordou que o problema da discriminação é muito complexo, por ter suas raízes em séculos atrás, em fenômenos como a colonização e a escravidão.

A especialista assinalou que a educação e o fortalecimento da justiça representam pilares para reverter o cenário de abusos em que vivem grande parte dos afrodescendentes, inclusive onde constituem a maioria da população.

"Como disse, o assunto é bem complexo, e passa por questões tão elementares como deixar de considerar os negros uma ameaça quando cruzam as fronteiras ou quando enfrentam o crime", sublinhou.

Por sua vez, a ministra brasileira para a Promoção de Políticas de Igualdade Racial, Luiza Bairros, manifestou sua satisfação pelo lançamento da Década.

Consideramos uma ocasião propícia para que todos os países membros das Nações Unidas renovem seu compromisso com a igualdade racial no mundo, expôs na própria conferência de imprensa.

Segundo Bairros, no Brasil - onde vivem cerca de 100 milhões de afrodescendentes - tem melhorado nos últimos anos a situação desse setor populacional, a partir de um maior acesso à educação e ao emprego, graças aos programas governamentais.

Fonte: Prensa Latina

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Abdias Nascimento lança a revista Quilombo.

09-12-1948:
Abdias Nascimento lança a revista Quilombo, que circula até 1950, no Rio de Janeiro.

Para saber mais sobre Abdias do Nascimento.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abdias_do_Nascimento

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Um pouco de história.




04/12/1677 - Dia do Ganga-Muíça
 
A tropa de Fernão Carrilho ataca Palmares. Faz 56 prisioneiros, entre eles Ganga-Muíça, chefe militar de Palmares. Seu capitão João Tapuia, um dos muitos indígenas do quilombo, morre em combate. Ganga-Zumba, antecessor de Zumbi, consegue escapar.

Cena do filme Quilombo, de Cacá Diegues, 1984


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O padre Wilson Luís Ramos foi afastado da Matriz de Santo Antônio, em Adamantina SP.

O motivo?
Padre Wilson é negro.



O papa Francisco bem que poderia ser informado de uma história que está os jornais de hoje, já que ele está manifestamente preocupado com o esvaziamento da Igreja Católica.
O padre  Wilson Luís Ramos foi afastado da Matriz de Santo Antônio, em Adamantina, cidade do interior paulista entre Presidente Prudente e Araçatuba.
O motivo?
Padre Wilson é negro mas não é  isso, segundo Bispo de Marília, diocese à qual a paróquia pertence, não é esta a causa de seu afastamento.
Mas o racismo está lá no cotidiano da elite da cidade .
O próprio Wilson admite que viu duas fiéis conversando sobre a troca do galo que fica no catavento da igreja “por um urubu”.
Ele falou deste racismo logo que assumiu a Matriz:
“As pessoas ainda tem dificuldade de aceitar a raça negra. As pessoas dizem que não, mas eu senti isso da parte de alguns, percebi uma certa rejeição em função da minha cor. Se doeu? Claro que doeu, sou humano, mas isso não pesou na minha missão”.
A principal causa para a transferência é a divisão que Ramos teria causado na paróquia. “O padre Wilson tem sofrido com essa questão. Houve preconceito por parte de fiéis, mas o padre foi vencendo e o que está em jogo agora não é o preconceito, mas sim a divisão que ele causou na paróquia”, afirmou o bispo.
Que divisão?  Um grupo de fiéis tradicionais que enviou cartas ao bispo reclamando do “jeito” simples do padre e, principalmente, do fato de ele atrair pessoas pobres e jovens usuários de drogas para a igreja.
O bispo de Marília mandou, então, dois padres para ouvir os fiéis.
Quase 700 foram ao Instituto Pastoral de Adamantina, cidade que tem pouco mais de 30 mil habitantes.
Segundo o Estadão, a maioria depôs em favor em favor de Wilson.
Que, apesar disso, “rodou”.
Mas, segundo o Ali Kamel, diretor da Globo,  não há racismo no Brasil.
Só em Adamantina, né?
Com todo o respeito, isso não é um problema de religião. É um problema de humanidade.