segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A cidade paulista que está protegendo um padre e dando uma lição contra o racismo


Moradores da pequena Adamantina, no interior de São Paulo, promoveram a antítese das manifestações reacionárias que acontecem pelo Brasil após as eleições presidenciais. No último dia 07, cerca de 2 mil pessoas, segundo informações do Estadão, protestaram durante a missa na Igreja Matriz da cidade contra a transferência do padre Wilson Luís Ramos.
O clérigo afirma ter sofrido rejeição de alguns fiéis por ser negro e atuar em favor dos mais pobres. Para resolver a situação da forma mais cômoda possível, o bispo responsável pela paróquia, Dom Luiz Antônio Cipolini, mandou o padre rezar em outra freguesia.
Com uma população de 35 mil pessoas, Adamantina recebeu um tipo de mobilização popular raramente vista nas grandes cidades: em defesa dos pobres, dependentes químicos e contra o racismo.
Isso porque o padre foi discriminado por causa de atitudes progressistas como receber usuários de drogas na Igreja, usar roupas simples e visitar comunidades periféricas. Há também o fato de ser negro. “Outro dia surpreendi duas senhoras dizendo que deveriam trocar o galo que há no topo da igreja por um urubu. Foi muita humilhação”, disse o padre ao Estadão.
Assim, o protesto pela permanência do padre Wilson aborda, mesmo indiretamente, uma agenda fundamental para construção de uma sociedade mais justa.
São assuntos ignorados por aqueles “cidadãos de bem” que se vestem de verde amarelo e se reúnem na avenida Paulista para bramir chavões contra a corrupção política e pedir a volta da ditadura militar. Evocam o respeito à moralidade política quando na verdade só estão preocupados em garantir férias na Flórida, o espumante nosso de cada dia e o SUV prateado.
A manifestação dos católicos adamantinenses, por outro lado, ilustra o tipo de protesto que deveria ser mais frequente nas ruas do país: a mobilização pelos menos favorecidos e contra as reações arbitrárias da elite diante da perda de privilégios. Este sim é o bom combate.
Que os protestos de Adamantina inspirem outros pelo país afora.


Leia a matéria completa em: A cidade paulista que está protegendo um padre e dando uma lição contra o racismo - Geledés 
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sábado, 20 de dezembro de 2014

Queremos respirar. Protesto contra a PM reúne milhares em São Paulo

Inspirados pelo movimento que rompeu os EUA contra a violência policial, milhares de jovens negros e negras saem às ruas, em São Paulo, protestando contra seu maior algoz, a Polícia Militar.

Veja a reportagem completa no
https://ninja.oximity.com/article/Queremos-respirar.-Protesto-contra-a-P-1

Chamada de ‘neguinha’, estudante é impedida de entrar em casa noturna na zona sul de São Paulo

Jovem ainda enfrentou problemas para registrar ofensa racial em duas delegacias; De um PM, ela ouviu: “Você é parda. Negro é aquele que nasce bem escurinho”
Por André Caramante 
“Essa neguinha não entra aqui hoje!”
Essa foi a ofensa racial que a estudante Thayla Elias Alves, 22 anos, afirma ter sido disparada contra ela por uma hostess (recepcionista) da Villa Mix, no bairro da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo e considerada uma das mais badaladas casas noturnas da cidade.
O incidente aconteceu por volta das 23h45 de 5 de dezembro, uma sexta-feira, quando Thayla, sua prima, a estudante de direito Natália Timossi, e Debora de Castro, foram impedidas de entrar na Villa Mix. O caso é investigado pela Decradi (Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil de SP.
A alegação da equipe de recepcionistas da Villa Mix para impedir a entrada das jovens foi a de que as identificações delas não constavam em uma lista de convidados, mas as três têm e-mails nos quais está registrado o envio prévio de seus nomes para a inclusão na lista.
De acordo com as jovens, quando apresentaram seus documentos para entrar na Villa Mix, mesmo sem consultar a lista de convidados, uma das hostess da casa noturna disse que elas não constavam na relação de nomes e as três foram retiradas da fila de entrada por um segurança.
Fora da fila, as jovens apresentaram o e-mail enviado com seus nomes à casa noturna a Denis Iugas de Sousa, que se identificou como gerente da Villa Mix, mas ele também impediu o acesso das três jovens à boate.
“Enquanto estávamos esperando a definição sobre nossa liberação ou não, vimos várias pessoas entrando sem que os nomes delas fossem consultados na tal lista”, contou Thayla.
Foi também enquanto esperavam a definição sobre a entrada na Villa Mix que as duas jovens que acompanhavam Thayla ouviram uma das hostess da casa noturna dizer para uma colega de trabalho: “essa neguinha não entra aqui hoje”.
As duas envolvidas no diálogo são brancas, com cerca de 1,70 m de altura e magras. Uma delas, a apontada como a responsável pela ofensa racial contra Thayla, é loira. A outra é morena.
Dificuldade para registrar B.O. 
Logo após a ofensa racial, Thayla, Natália e Debora resolveram ir ao 96º DP (Brooklin), distante 1,2 quilômetro da Villa Mix e onde não havia delegado para registrar o boletim de ocorrência sobre a ofensa racial.
No 96º DP, as três jovens foram mandadas para o 27º DP (Campo Belo), distante 2,2 quilômetro da delegacia do Brooklin. Quando chegaram no segundo distrito policial, Thayla, Natália e Debora ouviram de um investigador da Polícia Civil que deviam voltar à casa noturna e, na porta da Villa Mix, ligar para a Polícia Militar. Foi o que as jovens fizeram.
Thayla afirmou que foi a delegada Eliane Tome F. Lima, plantonista do 27º DP, quem deu a ordem para o que caso não fosse registrado imediatamente e para que as três jovens voltassem à Villa Mix para chamar a PM.
Drible nos PMs
Quando dois PMs chegaram à casa noturna, a hostess que barrou as três jovens entrou na Villa Mix dizendo aos policiais que iria chamar o gerente, Denis de Sousa. Foi essa mesma mulher quem disse a frase para atacar Thayla. Após 20 minutos plantados na porta da casa noturna, os PMs souberam que as hostess haviam ido embora.
Na conversa com os PMs, Denis de Sousa disse que as hostess não eram funcionárias da Villa Mix e, como eram terceirizadas, ele não tinha como fornecer os nomes das profissionais que estavam à porta da casa noturna naquela noite de sexta-feira.
Após serem driblados pelas hostess e por Denis de Sousa, os PMs levaram Thayla, Natália e Debora novamente ao 27º DP, onde um escrivão registrou o boletim de ocorrência de injúria racial. Até a finalização do documento, a delegada Eliane Lima não havia tido contato as três jovens, segundo Thayla.
Somente quando Thayla pediu para assinar o boletim de ocorrência após a chegada de seu advogado, o que aconteceu em cerca de dez minutos, é que adelegada Eliane Lima resolveu falar com a jovem para dizer que não iria esperar. “Eles não queriam me deixar ler o boletim de ocorrência”, disse Thayla.
Quando o advogado de Thayla chegou ao 27º DP, a delegada Eliane Lima já não estava mais na delegacia e, segundo o escrivão, “havia saído para uma diligência”. Ainda no 27º DP, antes de não conseguir assinar o boletim de ocorrência, Thayla enfrentou outra questão envolvendo a cor de sua pele. Ao preencher documento sobre o atendimento feito na porta da Villa Mix, um PM escreveu que a estudante era parda. Ao informar ao PM que é negra, Thayla ouviu dele: “Você é parda. Negro é aquele que nasce bem escurinho”
Do 27º DP, sem o boletim de ocorrência, as três jovens e o advogado foram para a Corregedoria Geral da Polícia Civil, onde registraram queixa pela maneira como foram atendidas na delegacia. Passava das 6h da manhã do sábado (6/12).
Thayla garante que, apesar das dificuldades para que a polícia agisse, ela irá até o fim para que a hostess e a casa noturna Villa Mix sejam responsabilizadas pelo que aconteceu na noite de 5 de dezembro.
“Eu sei que minha luta para não deixar esse ato racista impune poderá contribuir para que outras pessoas não passem pela mesma coisa. Me senti angustiada quando passei por aquilo tudo, mas não vou deixar de ir atrás da lei”
Racismo X Injúria Racial
Atualmente, a Decradi tenta localizar e intimar a hostess da Villa Mix apontada como responsável pela frase racista contra Thayla.
O inquérito policial na Decradi foi aberto para investigar o crime de injúria racial, que é quando a ofensa discriminatória é dirigida a uma pessoa, atacando sua honra, sua autoestima com elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Na injúria racial, o autor pode pagar fiança e responder o crime em liberdade.
Thayla acredita que a frase da hostess da Villa Mix foi um crime de racismo, baseado na ofensa discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Thayla crê ter sido impedida de entrar na casa noturna por ser negra. Racismo é crime imprescritível e inafiançável.
Racismo institucional
Carmen Dora de Freitas Ferreira, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB –SP (Ordem dos Advogados do Brasil), também crê que a hostess da Villa Mix praticou racismo.
“Ao chamar a moça de neguinha, essa recepcionista ofendeu a raça da jovem. O boletim de ocorrência e o inquérito policial deveriam apurar o crime de racismo. Não podemos mais tolerar que as pessoas sejam excluídas pela cor da pele. Isso é nocivo. Seria injúria racial se a recepcionista tivesse dito alguma ofensa como macaca, preta suja ou algo tão baixo quanto”, explicou a advogada Carmen Ferreira.
Ao analisar a atitude do PM que atendeu ao chamado de Thayla na porta da Villa Mix, quando ele quis descrevê-la como parda e não como negra nos registros da Polícia Militar, a presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP foi direta ao constatar novo ato racista.
“Sabe o que esse policial militar fez contra essa jovem? Ele praticou racismo institucional. E isso também é nocivo”, disse Carmen Ferreira.
Villa Mix nega discriminação racial
De acordo com a assessoria de imprensa da Villa Mix, “por conta da correria do fim de ano”, os responsáveis pela casa noturna não poderiam se manifestar sobre a investigação da Decradi sobre o possível crime de injúria racial contra Thayla.
Em nota, a assessoria de imprensa da Villa Mix informou:
“O Villa Mix adota como política apenas liberar pessoas que estejam com nome na lista e realmente os nomes das três moças não constavam.
Pelo averiguado, não ocorreu qualquer tipo de injúria criminal por parte de qualquer funcionário do Villa Mix, inclusive os clientes são respeitados e bem tratados para que retornem ao estabelecimento.
Foi conversado com a hostess, ela afirmou que não cometeu qualquer tipo de ofensa racial. Pelo contrário. Ela tratou as clientes educadamente, entretanto, as clientes ficaram indignadas que os nomes não estavam na lista e a casa já estava atingindo a lotação máxima.”
Secretário da Segurança Púbica não se manifesta
Procurado desde quarta feira (17/12) pela reportagem para se manifestar sobre os problemas enfrentados por Thayla para registrar na polícia a ofensa racial que sofreu, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, respondeu a apenas uma das sete questões enviadas à assessoria de imprensa da pasta.
Grella Vieira não respondeu as seguintes questões:
1º – Por qual motivo Thayla não pôde registrar boletim de ocorrência no 96º DP? Onde estava a autoridade policial responsável pelo plantão do 96º DP?
2º – Por qual motivo a delegada Eliane Lima ordenou que Thayla voltasse à casa noturna onde foi ofendida para acionar a PM? Esse é um procedimento padrão da Polícia Civil de SP?
3º – Qual o número da apuração preliminar aberta na Corregedoria Geral da Polícia Civil de SP para investigar a conduta da delegada Eliane Lima? A delegada já foi ouvida pela Corregedoria? O que ela afirmou, caso tenha sido interrogada? Solicito, por favor, que a Secretaria da Segurança Pública viabilize entrevista com a delegada.
4º – Por qual motivo os policiais militares que foram à casa noturna não conduziram a recepcionista que ofendeu Thayla para o 27º DP?
5º – Em caso de possível crime de racismo ou de injúria racial, qual é a orientação que o senhor dá para as vítimas? Como o secretário da Segurança Pública de São Paulo determina que as vítimas de racismo ou injúria racial ajam para ter seus direitos preservados?
6º – Quantas pessoas foram presas em flagrante por racismo no Estado de São Paulo neste ano?
Por meio de sua assessoria de imprensa, Grella Vieira só respondeu ao questionamento da reportagem sobre quantos boletins de ocorrência foram registrados por injúria racial e por racismo, em 2013 e neste ano, no Estado de São Paulo.
Segundo levantamento da Decradi, em 2013, foram registrados 36 boletins de ocorrência por injúria racial e outros 15 por discriminação/preconceito. Neste ano, de janeiro até 2 de setembro, foram 38 por injúria racial e 16 por discriminação/preconceito.
Grella Vieira não informou o total de casos registrados no Estado de São Paulo nas delegacias que não são especializadas como a Decradi.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Situação Social da População Negra por Estado.



O Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) lançaram a publicação Situação social da população negra por estado: indicadores de situação social da população negra segundo as condições de vida e trabalho no Brasil.

O estudo apresenta indicadores construídos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), nos anos de 2001 e 2012, de acordo com os eixos: características das famílias; escolaridade; trabalho e renda; e seguridade social. Os temas foram selecionados para apresentar um conjunto abrangente de informações para compor o cenário social que envolve a população negra no Brasil.

Fonte: Seppir Presidência

Link para download

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=24121 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Câmara de Adamantina aprova moção de repúdio à discriminação do padre negro Wilson Luiz Ramos em Adamantina


Apucarana: lei garante reserva de vagas para afrodescendentes em concurso -



Com a presença de vereadores e representantes de movimentos sociais, o prefeito Beto Preto (PT) sancionou nesta terça-feira (09/12), no gabinete municipal, a Lei Municipal nº 158/2014, que regulamenta a reserva de 10% das vagas para candidatos afrodescendentes em todos os concursos públicos da administração direta e indireta do município.
Durante o ato, o prefeito salientou que Apucarana é uma das poucas cidades do país a legislar sobre o assunto. “Quero agradecer aos vereadores por aprovarem por unanimidade o projeto de lei. Apucarana está fazendo história, sendo um exemplo positivo a ser seguido”, salientou Beto.
Ele lembrou que o Norte do Paraná é uma das regiões que mais houve miscigenação de raças e anunciou que cópia da legislação sancionada vai ser enviada ainda nesta semana para a Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e para a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. “É uma forma de dizer que Apucarana está presente e ativa no que tange as políticas afirmativas para a população negra e quer avançar mais”, disse o prefeito.
O sistema de cotas sancionado em Apucarana já vai valer para o concurso público da Autarquia Municipal de Educação (AME), cujo edital para contratação de professores e assistentes infantis deve ser publicado em janeiro. “Vejo que as cotas são necessárias, sobretudo para repararmos uma dívida social antiga que temos com esta etnia no Brasil. Queremos em nosso quadro de servidores afrodescendentes em todos os níveis, seja ele fundamental, médio ou superior”, informou.
Reserva de vagas para afrodescendentes em concursos públicos também já está regulamentado em nível Federal (Lei 12.999/2014), que estabelece reserva de 20%, e Estadual (Lei 14.274/2003), que fixou em 10% o número de vagas reservadas para afrodescendentes. O presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial e membro da Unegro (União de Negros pela Igualdade), Marcos Ferreira Fagundes, falou sobre a nova lei. “Para nós é uma conquista grande, fruto de anos de luta, e sobretudo, de um ato humano e de coragem de um prefeito preocupado verdadeiramente com as causas dos movimentos sociais. Quem dera todos os prefeitos seguissem este exemplo de Apucarana. Só sabe o valor e a necessidade das cotas quem sofre a discriminação, que somos nós, negros”, comentou Fagundes.
Outro que também enalteceu a iniciativa da  Prefeitura de Apucarana foi o ex-vereador Natal Batista. Afrodescendente e militante social há mais de 13 anos, Batista fez um apanhado histórico da luta. “Em Apucarana os movimentos sociais são fortes, mas até hoje, apesar das reivindicações, haviam poucas políticas públicas. Felizmente agora temos um governo sensível às nossas causas. Branco, negro, seja qual etnia for, possuem as mesmas capacidades, mas as oportunidades são diferentes. O sistema de cotas vem corrigir isto, dando as mesmas oportunidades a todos”, afirmou Batista.
Em nome da Câmara de Vereadores, o presidente José Airton Deco de Araújo, manifestou satisfação em fazer parte do que classificou como “
. “A atual administração vem realizando o que chamamos de política afirmativa, concedendo avanços que lutamos há pelo menos 10 anos, e que os demais governos municipais não deram ouvidos”, assinalou Fagundes. Segundo ele, além do sistema de cota racial nos concursos públicos municipais, a atual administração também atuou efetivamente para a criação do Conselho Municipal da Igualdade Racial, em junho deste ano.

Fonte: TN Online


http://www.geledes.org.br/apucarana-lei-garante-reserva-de-vagas-para-afrodescendentes-em-concurso/#axzz3M4CnEsYv

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Aranha recebe prêmio de Dilma por atitude contra racismo

“Esse prêmio fortalece o meu ato de tomar a atitude correta”


Vítima de racismo durante a partida entre Grêmio x Santos, pela Copa do Brasil, o goleiro Aranha foi homenageado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O atleta teria se destacado ao tomar sua atitude contra as manifestações de gremistas contra ele.
“Esse prêmio fortalece o meu ato de tomar a atitude correta”, comentou Aranha. O santista recebeu a homenagem direto das mãos da presidente Dilma Rousseff, na última quarta-feira. Além do esportista, outros 20 receberam o prêmio por sua luta contra o preconceito.
“A luta de vocês é de fundamental importância. Houve avanços, mas falta muito. É preciso buscar avançar cada vez mais”, disse a presidente Dilma no ato.
Aranha sofreu atos racistas na partida de ida da Copa do Brasil contra o Tricolor gaúcho, em Porto Alegre. Ao final da vitória dos paulistas por 2 a 0, um grupo de torcedores chamaram o goleiro de “macaco”. Como punição, o Grêmio acabou eliminado da competição.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

População vê racismo contra o padre e protesta;bispo deixa a igreja escoltado.






O bispo de Marília (SP), dom Luiz Antonio Cipolini, foi acuado dentro da Igreja Matriz de Adamantina, também no interior paulista, e teve de sair escoltado por policiais militares, na noite deste domingo (7).
O bispo estava na cidade para comandar a missa de Crisma, quando cerca de 2.000 pessoas se reuniram em um protesto do lado de fora da igreja para lhe cobrar explicações sobre a substituição do padre negro Wilson Luís Ramos. Com medo, dom Luiz se trancou na igreja e só saiu por volta das 23h, 1h50 depois do final da missa.
Antes de sair escoltado, o bispo enfrentou momentos de constrangimento já dentro da igreja, que estava lotada. Dom Luiz teve de interromper a cerimônia religiosa, que já estava na sua fase final, ao ser vaiado pelos fiéis, revoltados com a saída de padre Wilson.
Sem que o bispo desse alguma explicação sobre a saída do padre em seu sermão, manifestantes, na maioria jovens com narizes de palhaço, levantaram cartazes e gritavam “fica, padre Wilson”. Em seguida, gritando a palavra “indignação”, os manifestantes passaram a jogar moedas no altar da igreja. Diante do barulho provocado pelo protesto, o bispo interrompeu a missa e repassou o microfone ao padre Wilson, que pediu aos manifestantes para parar, mas não foi atendido.
Os jovens continuaram gritando, ainda por alguns minutos, e foram apoiados pelo restante dos fiéis, que lotava a igreja — de 1.200 lugares — e batia palmas. A revolta com a substituição do padre continuaria do lado de fora da igreja, após o encerramento da missa. Cerca de 2.000 pessoas gritavam frases contra o racismo e contra o bispo, porque ele demorava a sair.
Para o vendedor Paulo Roberto Scavassa, que frequenta a Paróquia Santo Antônio de Pádua há mais de 30 anos, trata-se se uma atitude racista.
— Nós só queremos que ele nos explique por que está retirando o padre de nossa cidade. Para nós, fica cada vez mais evidente que se trata de um ato de racismo.
Padre Wilson foi o primeiro negro a assumir a principal paróquia de Adamantina, mas, ao contrário dos padres anteriores que ficaram mais de dez anos, Ramos permaneceu na cidade somente por menos de dois anos.
Depois de quase uma hora de espera, padre Wilson saiu e tentou conversar com os manifestantes.
— Deixem o bispo sair, por favor.
Em resposta, os manifestantes gritavam “não”, para em seguida gritar “explicação, explicação”.
Ao perceber que não conseguiria convencer ninguém, o padre retornou para dentro da igreja, aos gritos de “Fica, padre Wilson”. Já passava das 23h quando o bispo deixou a igreja, escoltado por dezenas de PMs.
Enquanto dom Luiz saía, a multidão o chamava de “racista” aos gritos. Mas o bispo ainda teria de retornar a Marília dentro do carro de um sargento da PM, porque o carro dele teve os pneus esvaziados e foi riscado pelos manifestantes.
A manifestação foi a segunda ocorrida em dois dias seguidos em Adamantina. No sábado (6), cerca de 2.000 pessoas, vestidas de preto e com velas nas mãos e faixas condenando o racismo, fizeram uma passeata em apoio ao padre.
Colaboradores
A substituição foi pedida ao bispo por um grupo de fiéis ricos e conservadores, colaboradores da igreja, que tinham sido substituídos pelo padre em cargos de coordenação da paróquia que ocupavam havia 13 anos.
O grupo estaria descontente com a opção dada pelo padre aos pobres e jovens usuários de drogas, que passaram a frequentar a principal igreja da cidade desde que o padre chegara a Adamantina havia dois anos. Neste período, Ramos sofreu preconceito por parte de fiéis.
“Outro dia vi duas mulheres dizendo que deveriam substituir o galo do alto da torre da igreja por um urubu”, contou o padre em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada. Na mesma ocasião, o próprio bispo relatou o preconceito sofrido pelo padre.
Nesta segunda-feira (8), padre e bispo não foram localizados para falar sobre as manifestações. Padre Wilson deixou o celular na caixa postal e o telefone da casa do bispo estava no fax. Segunda-feira é dia de folga dos religiosos. Pela circular expedida pelo bispo na sexta-feira (5), padre Wilson deve deixar a casa da paróquia até esta terça-feira (9).


Fonte: Geledés

ONU lança década internacional para os afro-descendentes

Especialistas e diplomatas defenderam, nesta quarta-feira (10), nas Nações Unidas a busca de um mundo sem racismo, discriminação e intolerância, a propósito do lançamento da Década Internacional para os Povos de Descendência Africana.



“Precisamos de um planeta onde predominem o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento para todos os seres humanos”, afirmou a responsável pelo Grupo de Trabalho da ONU sobre as pessoas de Descendência Africana, Mireille Fanon-Mendes.

Em uma coletiva de imprensa pelo lançamento da Década, a especialista lamentou que pela cor negra de sua pele, muitos sofrem de maneira permanente marginalização, invisibilidade e penúrias econômicas e sociais.

De acordo com a também integrante do Grupo de Trabalho, a jamaicana Verene Shepard, o objetivo de dedicar o decênio 2015-2024 aos afrodescendentes é concluir o mesmo em uma situação bem diferente da atual.

“Temos esperanças de conseguir mudanças importantes, ou pelo menos dar passos nesta luta contra o racismo e a xenofobia”, afirmou.

Shepard recordou que o problema da discriminação é muito complexo, por ter suas raízes em séculos atrás, em fenômenos como a colonização e a escravidão.

A especialista assinalou que a educação e o fortalecimento da justiça representam pilares para reverter o cenário de abusos em que vivem grande parte dos afrodescendentes, inclusive onde constituem a maioria da população.

"Como disse, o assunto é bem complexo, e passa por questões tão elementares como deixar de considerar os negros uma ameaça quando cruzam as fronteiras ou quando enfrentam o crime", sublinhou.

Por sua vez, a ministra brasileira para a Promoção de Políticas de Igualdade Racial, Luiza Bairros, manifestou sua satisfação pelo lançamento da Década.

Consideramos uma ocasião propícia para que todos os países membros das Nações Unidas renovem seu compromisso com a igualdade racial no mundo, expôs na própria conferência de imprensa.

Segundo Bairros, no Brasil - onde vivem cerca de 100 milhões de afrodescendentes - tem melhorado nos últimos anos a situação desse setor populacional, a partir de um maior acesso à educação e ao emprego, graças aos programas governamentais.

Fonte: Prensa Latina

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Abdias Nascimento lança a revista Quilombo.

09-12-1948:
Abdias Nascimento lança a revista Quilombo, que circula até 1950, no Rio de Janeiro.

Para saber mais sobre Abdias do Nascimento.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abdias_do_Nascimento

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Um pouco de história.




04/12/1677 - Dia do Ganga-Muíça
 
A tropa de Fernão Carrilho ataca Palmares. Faz 56 prisioneiros, entre eles Ganga-Muíça, chefe militar de Palmares. Seu capitão João Tapuia, um dos muitos indígenas do quilombo, morre em combate. Ganga-Zumba, antecessor de Zumbi, consegue escapar.

Cena do filme Quilombo, de Cacá Diegues, 1984


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O padre Wilson Luís Ramos foi afastado da Matriz de Santo Antônio, em Adamantina SP.

O motivo?
Padre Wilson é negro.



O papa Francisco bem que poderia ser informado de uma história que está os jornais de hoje, já que ele está manifestamente preocupado com o esvaziamento da Igreja Católica.
O padre  Wilson Luís Ramos foi afastado da Matriz de Santo Antônio, em Adamantina, cidade do interior paulista entre Presidente Prudente e Araçatuba.
O motivo?
Padre Wilson é negro mas não é  isso, segundo Bispo de Marília, diocese à qual a paróquia pertence, não é esta a causa de seu afastamento.
Mas o racismo está lá no cotidiano da elite da cidade .
O próprio Wilson admite que viu duas fiéis conversando sobre a troca do galo que fica no catavento da igreja “por um urubu”.
Ele falou deste racismo logo que assumiu a Matriz:
“As pessoas ainda tem dificuldade de aceitar a raça negra. As pessoas dizem que não, mas eu senti isso da parte de alguns, percebi uma certa rejeição em função da minha cor. Se doeu? Claro que doeu, sou humano, mas isso não pesou na minha missão”.
A principal causa para a transferência é a divisão que Ramos teria causado na paróquia. “O padre Wilson tem sofrido com essa questão. Houve preconceito por parte de fiéis, mas o padre foi vencendo e o que está em jogo agora não é o preconceito, mas sim a divisão que ele causou na paróquia”, afirmou o bispo.
Que divisão?  Um grupo de fiéis tradicionais que enviou cartas ao bispo reclamando do “jeito” simples do padre e, principalmente, do fato de ele atrair pessoas pobres e jovens usuários de drogas para a igreja.
O bispo de Marília mandou, então, dois padres para ouvir os fiéis.
Quase 700 foram ao Instituto Pastoral de Adamantina, cidade que tem pouco mais de 30 mil habitantes.
Segundo o Estadão, a maioria depôs em favor em favor de Wilson.
Que, apesar disso, “rodou”.
Mas, segundo o Ali Kamel, diretor da Globo,  não há racismo no Brasil.
Só em Adamantina, né?
Com todo o respeito, isso não é um problema de religião. É um problema de humanidade.