por : Marcos Sacramento
Moradores da pequena Adamantina, no interior de São Paulo, promoveram a antítese das manifestações reacionárias que acontecem pelo Brasil após as eleições presidenciais. No último dia 07, cerca de 2 mil pessoas, segundo informações do Estadão, protestaram durante a missa na Igreja Matriz da cidade contra a transferência do padre Wilson Luís Ramos.
O clérigo afirma ter sofrido rejeição de alguns fiéis por ser negro e atuar em favor dos mais pobres. Para resolver a situação da forma mais cômoda possível, o bispo responsável pela paróquia, Dom Luiz Antônio Cipolini, mandou o padre rezar em outra freguesia.
Com uma população de 35 mil pessoas, Adamantina recebeu um tipo de mobilização popular raramente vista nas grandes cidades: em defesa dos pobres, dependentes químicos e contra o racismo.
Isso porque o padre foi discriminado por causa de atitudes progressistas como receber usuários de drogas na Igreja, usar roupas simples e visitar comunidades periféricas. Há também o fato de ser negro. “Outro dia surpreendi duas senhoras dizendo que deveriam trocar o galo que há no topo da igreja por um urubu. Foi muita humilhação”, disse o padre ao Estadão.
Assim, o protesto pela permanência do padre Wilson aborda, mesmo indiretamente, uma agenda fundamental para construção de uma sociedade mais justa.
São assuntos ignorados por aqueles “cidadãos de bem” que se vestem de verde amarelo e se reúnem na avenida Paulista para bramir chavões contra a corrupção política e pedir a volta da ditadura militar. Evocam o respeito à moralidade política quando na verdade só estão preocupados em garantir férias na Flórida, o espumante nosso de cada dia e o SUV prateado.
A manifestação dos católicos adamantinenses, por outro lado, ilustra o tipo de protesto que deveria ser mais frequente nas ruas do país: a mobilização pelos menos favorecidos e contra as reações arbitrárias da elite diante da perda de privilégios. Este sim é o bom combate.
Que os protestos de Adamantina inspirem outros pelo país afora.
Leia a matéria completa em: A cidade paulista que está protegendo um padre e dando uma lição contra o racismo - Geledés
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